
Na Oli Pizzas são as mulheres que chefiam o forno da casa
Na Oli Pizzas são as mulheres que chefiam o forno da casa


Esqueça os ambientes industriais, a decoração sem graça ou quase inexistente e a brutalidade que pode carregar uma pizzaria. Nas mãos da chef Olivia Maita, esse cenário é ressignificado com delicadeza.
Mesmo diante do exaustivo calor do fogo, é com o semblante sereno — e com muita classe, diga-se de passagem — que ela abre as massas e as leva para assar nos fornos da mãe e a empreendedora — em cada detalhe de seu estabelecimento.
Se a figura de uma mulher comandando as etapas da confecção de uma pizza não é tão comum por aí, essa história é reescrita em seu restaurante em São Paulo. “Por que existem tão poucas mulheres nesse posto?”, a chef constantemente se pergunta. Pois quem visitar a casa, localizada no bairro do Itaim Bibi, irá sempre encontrar uma mulher à frente do forno à lenha.

Refrescante, o drinque Amore Della Passione traz um mix de uísque, cordial de maracujá, abacaxi, Licor 43, limão e angostura
“Eu nem entendo porque é um posto tão masculino, pois não exige nada que a gente não possa fazer como mulher. É algo cultural. Não conheço nenhuma pizzaria que tenha, que seja, uma mulher. Nem picando os ingredientes”, pontua a pizzaiola.
“Para mim foi uma coisa tão natural, nem passava pela minha cabeça que seria algo exclusivamente feito por homens. Hoje, de forma orgânica, só temos mulheres na pizzaria — sou eu e mais três. Nenhuma delas era pizzaiola, treinei todas. Vejo que a mulher tem um cuidado com o processo, com a massa… Elas são ágeis, cuidadosas e têm uma percepção final do produto muito interessante.”
Sua história com as massas de longa fermentação começou com o pão: Olivia desde criança foi uma apaixonada pela gastronomia, mas se encantou, sobretudo, pela persistência exigida para obter um bom fermento.

O pão de milho é uma das opções diárias da Oli, que em breve vai ganhar uma padaria própria
“Além dele ser um elemento vivo, a cada fornada você tem uma surpresa. O pão exige um cuidado no processo como um todo, isso me instigou. Lembro de levar o meu levain para onde eu ia, porque precisava alimentá-lo para que não morresse. Já cheguei a levar para um restaurante, de tão louca, sério, quase como um pet”, se diverte. O trabalho valeu a pena, já que o levain cultivado pela cozinheira está vivíssimo e é o mesmo utilizado nas receitas há sete anos.

Uma das estrelas do menu, a focaccia da casa tem textura crocante e é recheada com coração de alcachofra, creme de limão-siciliano e parmesão
A primeira pizza que executou foi um pedido de sua mãe, que a ajudava a tocar o dia a dia no restaurante e acreditava no potencial da filha. No começo do negócio, a ideia era ter uma minipadaria artesanal, atendendo por encomendas e fazendo eventos fechados. A pizza veio por acaso: “Logo que o forno chegou, minha mãe me pediu para fazer uma pizza, algo que eu nunca tinha feito”, relembra sobre sua primeira tentativa.
O resultado foi tão positivo que a experiência acabou se transformando em “pizzadas” servidas no restaurante às sextas-feiras — isso em 2019, ano de inauguração da casa, antes localizada na Vila Madalena. “Atendíamos de 30 a 40 pessoas com reserva, eu ficava na cozinha de manhã até à noite, porque eu fazia simplesmente tudo, e minha mãe era a garçonete. E assim a gente ia se virando.”
“Só temos mulheres na pizzaria − sou eu e mais três. Nenhuma delas era pizzaiola, treinei todas. Vejo que a mulher tem um cuidado com o processo”
Olivia Maita
A vontade de fazer o negócio dar certo, alavancada pela paixão de Olivia por cozinhar, fez com que a chef se desdobrasse no papel de empreendedora. Era ela quem realizava as compras dos insumos, cuidava das redes sociais, fazia todo o preparo dos pratos na cozinha, atendia aos clientes no salão e ainda lavava o chão ao final do expediente.
“Foi bem sacrificante, porque trabalhava de 15 a 18 horas por dia. Às vezes, eu não sentia minhas pernas de tanto que ficava em pé. Por outro lado, eu sei fazer de tudo, não me aperto. De certa forma, consegui equilibrar os pratinhos de uma maneira amadora, mas que me levou a profissionalizar o negócio.”

O fôrno da Oli Pizzas, em são paulo, é guiado por mulheres. O resultado são pedidas clássicas com personalidade e execução perfeita
De lá para cá, a Oli Pizzas ganhou um cardápio mais encorpado, com opções que vão além da pizza, da entradinha à sobremesa, e noites de jazz às quartas-feiras. Com a mudança de bairro, agora no Itaim, a chef também prevê um brunch aos finais de semana e, muito em breve, a inauguração de sua tão sonhada padaria na mesma rua: a no nosso canal no WhatsApp.
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